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A área de investigação Linguística Aplicada (LA) se iniciou no Brasil no final dos anos 1960 e se expandiu significativamente, sobretudo a partir dos anos 90, tendo engajado diversos estudiosos preocupados com variadas questões ligadas ao uso da linguagem.

 

Em comum, todas essas questões se alinham na direção da situacionalidade e da particularidade do conhecimento, abrindo mão das grandes generalizações teóricas – característica da pesquisa ocidental moderna – na produção de conhecimento atento às relações com política, ética e poder. (MOITA LOPES, 2013, p. 17). Se o ideal científico moderno da objetividade e imparcialidade do conhecimento promoveu a separação entre sujeito e objeto epistemológico, a LA, por sua vez, considera a (inter)subjetividade do sujeito social como fundamental e inseparável da produção do conhecimento.

 

Trata-se, portanto, de um campo cujas investigações não apenas se voltam para situações em que a língua(gem) tem papel fundamental, mas o fazem, sobretudo, considerando o ponto de vista, os valores e posicionamentos dos sujeitos imbricados em tais situações específicas. Nessa empreitada, a LA tem se configurado de modo inter/transdisciplinar no Brasil (SIGNORINI E CAVALCANTI, 1998) e, embora seus interesses de pesquisa abarquem diversificadas situações de uso da linguagem, é na sala de aula de línguas que se concentra a maior parte de seus objetos de investigação.

 

De fato, desde sua constituição, na década de 60, a LA tem reunido uma gama considerável de investigações voltadas para a compreensão de questões de linguagem ligadas ao ensino e à aprendizagem de línguas em nosso país. A Faculdade de Artes, Letras e Comunicação (FAALC) incorpora, atualmente, os cursos de Licenciatura em: Letras Português e Inglês; Letras Português e Espanhol e Letras Português e Espanhol/EaD que, juntos, já formaram cerca de 600 professores de Português, Inglês ou Espanhol e suas respectivas literaturas. Sendo assim, temos anualmente 60 egressos desses cursos, em média, que saem da Universidade para o mundo do trabalho na área de (língua)gens e/ou para programas de Pós-Graduação stricto sensu.

 

Em 2016, o Grupo de Pesquisa sobre Formação de Professores em EaD – GEForPED – realizou uma pesquisa com seus egressos e constatou que 55,6% deles atuam na área de formação do curso, 52,6% estão atuando na Educação Básica, 61,8% estão fazendo pós-graduação – especialização, 9,2% fizeram ou estão fazendo mestrado, 57,9% dizem que há oferta de emprego suficiente para os egressos na região, 43,4% consideram que não há oferta de cursos de formação inicial e continuada suficiente para a quantidade de vagas para professores, na região, 72,4% gostariam de cursar alguma pós-graduação que não é oferecida na sua região e 17% especificaram a sua resposta, dizendo de seu interesse em pós-graduação na área de linguagens – linguística, língua portuguesa, língua espanhola e literatura.

 

Esses dados apontam para a necessidade de oferecermos uma formação continuada gratuita de qualidade para os licenciados na área, egressos da UFMS e também para os demais professores da área de Letras, uma vez que não é ofertada, no estado de Mato Grosso do Sul, nenhuma pós-graduação, nem lato nem stricto sensu, em Linguística Aplicada e Ensino de Línguas.

 

Nesse sentido, a escolha pela Linguística Aplicada justifica-se, sobretudo, pela sua interface com o ensino de línguas que tem se constituído como campo crescente e fecundo de estudos na área de linguagens, na direção de uma preocupação a cada dia mais notória com a formação profissional do licenciado em Letras.

 

Cabe lembrar ainda que a atualização e a capacitação continuada devem ser oferecidas mesmo a professores que já possuem títulos de pós-graduação lato e stricto sensu, pois muitos professores, já especialistas ou mestres em outra área, buscam o tipo de aperfeiçoamento e de prática propostos pelo curso apresentado neste projeto, devido às especificidades inerentes, principalmente, ao ensino e à aprendizagem da língua inglesa e da língua espanhola, uma vez que a formação continuada, visando aprimoramento de práticas pedagógicas, trocas de experiências e oportunidades de prática da língua são sinais de valorização da construção do professor.

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